segunda-feira, 26 de abril de 2010

UFU tem primeiro aluno com surdez


UFU tem primeiro aluno com surdez
Instituição faz mudanças na estrutura para oferecer ao aluno curso de qualidade

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) recebeu, neste semestre, o primeiro aluno com surdez, aprovado no vestibular para o curso de Química. Embora a instituição não esteja totalmente preparada para atender pessoas com esse tipo de deficiência, adequações, como a contratação de um intérprete, estão sendo feitas para que o estudante possa acompanhar os conteúdos das disciplinas.

A coordenadora de projetos do Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especializada (Cepae), Claudia Dechichi, garante que o aluno Matheus Rocha da Costa, de 20 anos, vai ter acesso a todas as informações em sala de aula para que, após quatro anos do curso, “ele possa se formar com a mesma qualidade e eficiência dos outros alunos”.

De acordo com a coordenadora, poucas universidades brasileiras estão preparadas para atender alunos com surdez. “É o princípio de mudanças. O sistema de inclusão acontece a partir do momento que a universidade recebe esse aluno. Ainda não conseguimos um intérprete, mas estamos buscando”, disse.

Matheus Costa entrou para a lista de aprovados da UFU depois de prestar quatro vestibulares e após frequentar cursinhos preparatórios durante dois anos, um durante o dia e outro à noite. O aluno, que adquiriu surdez após um quadro de meningite na infância, acredita que a conquista do acesso à universidade pode vir acompanhada de desafios. “Acredito que não há intérpretes formados em Química, o que pode dificultar o aprendizado. Alguns termos podem não possuir sinais correspondentes”, disse Matheus, por meio do intérprete Wander Luís Matias.

Ainda falta formação específica

Segundo a professora de Libras (Língua Brasileira de Sinais) da UFU, Flaviane Reis, também portadora da deficiência, depois da regulamentação da Lei nº 10.436/02 — que garante que as pessoas com surdez tenham acesso à comunicação, à informação e à educação —, o ingresso nas universidades está sendo gradativo. “Já é uma conquista, mas ainda precisa evoluir. A contratação de intérpretes com formação profissional na área é um passo que também precisa ser dado.”

Município

A rede municipal de ensino de Uberlândia possui, atualmente, 115 alunos com surdez, matriculados em 48 escolas que oferecem o programa de educação especializada. O programa conta com 17 intérpretes e nove instrutores que ensinam, inclusive, a língua de sinais.

De acordo com a coordenadora do Núcleo de Apoio às Diferenças Humanas (Nadh), Maria Isabel de Araújo, a metodologia educacional oferecida garante plena educação aos alunos. “Eles podem concorrer de forma igualitária, seja para o ingresso nas universidades ou no mercado de trabalho. Temos ex-alunos que já se formaram e outros que buscam a profissionalização.”