terça-feira, 29 de julho de 2008

Deficiente auditivo conquista título de mestre
















Alisson Fernandes dos Santos defendeu a dissertação na UFPR com ajuda de intérprete.
Com problema congênito que lhe causou surdez profunda, ele aprendeu leitura labial.

Aos 32 anos, formado em farmácia e bioquímica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Alisson Fernandes dos Santos acabou de receber o título de mestre em ciências farmacêuticas com ênfase em análises clínicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). A história seria mais uma de um profissional dedicado não fosse por um detalhe: Santos é deficiente auditivo e é o primeiro aluno surdo a receber o título na instituição.

Santos era aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPR e através do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais (Napne), a universidade ofereceu apoio com a intérprete Noemi Nascimento Ansay, que atuou em dois seminários preparatórios e na própria defesa da dissertação - já que a surdez de Santos é bilateral (dos dois lados) e ele se comunica apenas via leitura labial.

Para entrevistar Santos, o G1 conversou por telefone com a mulher dele - Aline dos Santos - que refazia as perguntas para ele. Por meio da técnica de leitura labial, Santos entendia a pergunta e respondia com clareza.

Ele contou que nasceu com um problema congênito que lhe causou surdez profunda nos dois ouvidos. Ainda criança, sua mãe o matriculou em uma escola especial para deficientes auditivos para que ele fosse alfabetizado pelo método da oralização e não pela linguagem de sinais. "Minha mãe queria que eu fosse um surdo oralizado pois a linguagem de sinais é muito restrita e ela queria reforçar minha capacidade de comunicação", disse Santos ao G1, por meio de sua esposa.

Entre a 1ª e 8ª série, Santos estudou em uma escola particular, em salas de aula comuns para se adaptar o mais rápido possível à comunicação oral. Durante as explicações nas aulas, Santos observava as professoras fazendo leitura labial e algumas anotações. As dúvidas ele esclarecia em casa com a mãe, com amigos da escola ou até mesmo com a professora, depois da aula.

Apesar das dificuldades naturais e do preconceito enfrentado - Santos disse que muitos colegas não queriam fazer trabalho em grupo com ele - ele nunca repetiu de ano. Cursou o ensino médio normalmente e fez um ano de cursinho para prestar vestibular para o curso de farmácia. Sempre trabalhou na área, começou como estagiário e há três anos é funcionário público na área de farmácia e bioquímica.

"Eu sempre quis fazer mestrado. Gosto muito de estudar, de ler, eu idealizo o que eu quero. Estou muito feliz em ter defendido a tese", disse Santos ao G1, através de sua esposa Aline.

Ele acrescentou que ainda quer fazer doutorado. "Sempre tive dificuldade em todas as etapas, mas sempre as superei com o apoio familiar. As barreiras são muitas e as pessoas não podem desistir, ninguém pode atrapalhar a nossa vontade de crescer", afirmou.


Para defender a tese na UFPR, Santos apresentou o trabalho oralmente e expôs o material em power point para que os professores da banca pudessem acompanhar e tirar alguma dúvida. Para isso, ele contou com a ajuda de uma intérprete do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da UFPR.

O trabalho de Santos será apresentado ao longo dos próximos meses no 20º Congresso Internacional de Química Clínica e Medicina Laboratorial e no 35º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas, em Fortaleza (CE).

terça-feira, 22 de julho de 2008

Justiça ordena que UFBA adapte exame Surdos - mudos

Publicado em 16.06.2008, às 22h22

A 16ª Vara da Justiça Federal deferiu pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou que a Universidade Federal da Bahia (UFBA) modifique o sistema de vestibular para alunos com deficiência auditiva. De acordo com a decisão, as provas dos próximos exames devem indicar a condição de candidato com deficiência e, no momento da avaliação, será obrigatória a presença de intérpretes e professores especializados, a fim de viabilizar a compreensão dos comandos da prova pelo surdo.

A UFBA deve ainda adotar critérios diferenciados de correção das provas discursivas e de redação, providenciar salas específicas para portadores de necessidades especiais e estender a duração das provas por 30 minutos. Segundo o procurador da República Sidney Madruga, autor da ação civil pública de maio de 2007, os deficientes auditivos são prejudicados na avaliação porque a UFBA realiza a correção das provas discursivas e de redação do vestibular valorizando mais a estrutura do texto do que o conteúdo.

Assim, conclui Madruga, a universidade cria obstáculo para os estudantes com deficiência auditiva, pois a primeira língua dos surdos é a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), que, apesar de ser reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, tem estrutura morfossintática diferenciada do português. "Por isso, trechos de produções escritas das pessoas com deficiência auditiva podem ser confundidos com erros gramaticais", explica. Segundo a assessoria da UFBA, a instituição não tem objetivo de recorrer da decisão porque os principais requerimentos da determinação judicial - como ampliação do tempo de prova e presença de intérprete - já são cumpridos.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Jovens surdos promovem, em São Paulo, seu primeiro encontro nacional






Jovens surdos promovem, em São Paulo, seu primeiro encontro nacional


Com o objetivo de formar novos líderes, expandir o conhecimento e melhorar a inclusão social dos surdos em todo país, acontece entre 16 e 20 de julho, em São Paulo, o I Encontro Nacional de Jovens Surdos. O evento reúne cerca de 140 jovens surdos, com idades entre 15 e 29 anos, de todas as regiões do Brasil.

Os jovens surdos se mobilizam e promovem, em São Paulo, seu primeiro encontro nacional para ampliar sua participação na sociedade e valorizar a cidadania. O foco são as necessidades desta parcela da população, que segundo Rodrigo Machado, 25 anos, que é de Caxias do Sul (RS) e um dos coordenadores do evento, representam 5 milhões de brasileiros. A outra coordenadora do encontro é a paulistana Claudia Hayakawa, 23.

Entre os temas que serão abordados nos quatro dias de encontro estão o empoderamento, empreendedorismo, liderança, acessibilidade e comunicação, esporte, cultura, entre outros. Destaque para as apresentações artísticas e a experiência da jovem Renata Heinzelmann (Porto Alegre/RS) que esteve no IV Acampamento Mundial de Jovens Surdos, que aconteceu em Segovia, na Espanha, em 2007.

A abertura do I Encontro Nacional de Jovens Surdos aconteceu hoje e contou com a presença da presidente nacional da FENEIS, Karin Strobel, do diretor regional da FENEIS em São Paulo, Neivaldo Zovico (ambos à direita de Mara Gabrilli na foto ao lado), da vereadora Mara Gabrilli, da coordenadora Estadual da Juventude, Mariana Montoro Jens, da secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella e da presidente do Conselho Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência, Márcia Gore.

Mara Gabrilli agradeceu à comunidade surda pelas informações que sempre lhe passaram sobre suas necessidades e afirmou ter muito orgulho de sua primeira Lei aprovada como vereadora, que é dirigida aos surdos e surdocegos. “Vocês, surdos, sempre me forneceram informações valiosas e sempre os tive como meus parceiros na luta pela inclusão social das pessoas com deficiência. A Lei 14.441, de junho de 2007, obriga a Prefeitura de São Paulo a criar e estruturar a Central de intérpretes da Libras e guias-intérpretes para surdocegos. Já cobrei sua implantação pela Prefeitura e me informaram que já foram comparadas mais de 400 webcans e, que em setembro, ela já deverá estar em funcionamento”, contou Mara Gabrilli.

“O avanço da tecnologia veio para nos ajudar e podem fazer avançar a inclusão das pessoas com deficiência em todos os âmbitos sociais. Na educação e no trabalho principalmente. A idéia da Central de Libras é justamente se aproveitar da tecnologia e fazer a tradução português/ Libras por meio de webcans e ampliar o alcance do serviço em todos os locais de serviços municipais: subprefeituras, unidades de básicas de saúde, telecentros, entre outros. Este novo serviço vai permitir que os surdos sejam recebido com mais dignidade quando buscarem informações e atendimento nos órgãos públicos”, explicou a vereadora.

Mara ainda contou sobre sua segunda Lei aprovada (14.671/08) que cria o Programa Municipal de Reabilitação da Pessoa com Deficiência Física e Auditiva e oferece reabilitação física e auditiva em todas as 31 subprefeituras da capital. “Essa lei é muito importante porque consolida um serviço que leva reabilitação para todas as regiões da cidade, desafogando os grandes centros e democratizando uma área que é fundamental para a qualidade de vida das pessoas com deficiência", afirma a vereadora Mara Gabrilli.

O primeiro Encontro de Jovens Surdos ocorreu há dois anos em Porto Alegre (RS). Foi neste encontro que foi decidido a realização do primeiro encontro nacional. Em junho, para ampliar a abrangência das ações no Norte e Nordeste, foi realizado o Primeiro Encontro de Jovens Surdos do Nordeste, em Fortaleza (CE). Vanessa Vidal, que é Miss Ceará, Miss Brasil Beleza Internacional e Instrutora de LIBRAS, participou do encontro em Fortaleza e também está em São Paulo no encontro nacional. Vanessa foi entrevistada por Mara Gabrilli, no início de junho, no programa Derrubando Barreiras da rádio Eldorado AM.

O I Encontro Nacional de Jovens Surdos é uma realização da FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) Regional São Paulo em conjunto com a comissão organizadora, e conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo por meio da Coordenadoria Estadual da Juventude.

Nas duas fotos, os jovens surdos cantam o Hino Nacional em Libras.

Saiba mais sobre as leis de Mara Gabrilli
http://vereadoramaragabrilli.com.br/modules/news/article.php?storyid=15
http://vereadoramaragabrilli.com.br/modules/news/article.php?storyid=75

I Encontro Nacional de Jovens Surdos
De 16 a 20 de julho
Local: Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo - Avenida Ipiranga, 1267 – 3º andar
Saiba mais em: http://www.jovenssurdos.org.br/enjs/index.php

Miss com deficiência auditiva vai disputar concurso no Japão

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da Folha Online

Em outubro, no Japão, uma brasileira vai disputar o título de Miss Beleza Internacional. O nome dela é Vanessa Lima Vidal, 24, que ficou em segundo lugar no concurso Miss Brasil, representando o Ceará. A modelo ganhou fama também devido à deficiência auditiva. Ela não escuta, mas aprendeu a falar e lê lábios com fluência.

A jovem ainda desperta a atenção da mídia. Sua história é um dos destaques da revista "Nova" deste mês, onde é apresentada como "a primeira miss deficiente auditiva na história do Brasil".

Ela contou à publicação o que sentiu durante o desfile no Miss Brasil. "Naquele momento, além de alegria, senti que uma energia positiva fluía por todo o meu corpo e me encorajava. Afinal, eu estava ali porque vencera os preconceitos, me mantive firme à dieta e desejava receber a recompensa."